sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Ensaio sobre a cegueira (a pedido de Reinas)

JORGE MAIA

Há uma estranha relação entre as grandes penalidades e a cegueira, especialmente a pior estirpe de cegueira que é aquela que afecta os cegos que não querem ver. Ora, ninguém quer ver uma grande penalidade que prejudique o seu clube, mas, curiosamente, toda a gente vê as que o podem beneficiar. Os portistas viram todos muito bem a grande penalidade que Reyes cometeu sobre Lucho aos 18', quando o jogo estava empatado a zero, e os que têm melhor acuidade visual até são capazes de ter conseguido ver a de Yebda sobre Lisandro aos 70', quando o Benfica vencia por 0-1. Em contrapartida, os benfiquistas não viram nenhuma delas. Com algum distanciamento percebe-se que uma existiu e a outra não, que uma foi marcada e outra não e que Pedro Proença, para mal dos seus pecados, cometeu dois erros. No primeiro, deixou-se iludir pelo voluntarismo de Lucho González, que fez questão de seguir o lance apesar de ter sofrido falta. No segundo, foi vítima da propensão para o dramatismo de Lisandro. Num erro prejudicou o FC Porto e no outro o Benfica. Não acho que os erros funcionem de forma matemática e na arbitragem menos por menos não dá mais. Mas pretender concluir que só existiu um é ser cego. Daqueles que não querem ver.

3 comentários:

Anónimo disse...

Para mim é penalty...

Roberto

Anónimo disse...

E eu k soubesse, k para ti não era penalty, senhor Roberto... Mas tá prometido k para o Natal te ofereço uns óculos com mais graduação e ao mano ofereço uma TV... porque a dele anda a transmitir fantasmas...



CD

Anónimo disse...

Grandes e pequenas penalidades
JORGE MAIA

Os judeus têm um provérbio que avisa os mais apressados a terem cuidado com o que desejam, porque correm o risco de serem atendidos. Lembrei-me disso ontem, quando soube que Pedro Proença teve negativa no último clássico entre o FC Porto e o Benfica. Levou um 2,4, equivalente a um desempenho Insatisfatório, atendendo as preces de vários milhões de almas, embora segundo um recente estudo alemão não sejam tantos milhões como quando se conta ao perto. O "twist", a "punchline", ou, para os menos dados a estrangeirices, a reviravolta final que dá razão aos judeus e aos seus avisos sobre os cuidados a ter com aquilo que se deseja é que o árbitro lisboeta só não teve positiva por não ter assinalado o penálti de Reyes sobre Lucho. Isso mesmo, o penálti da primeira parte, quando o jogo estava empatado a zero. Se o tivesse feito, teria recebido 3,4, o equivalente a um desempenho Bom a uma décima de ser Muito Bom. Claro que o observador avalia o trabalho do árbitro segundo o que vê desde a bancada e talvez a sua opinião fosse diferente se visse uma ou duas repetições em câmara lenta do lance entre Lisandro e Yebda. Talvez. Mas mesmo em câmara acelerada Reyes fez falta sobre Lucho. E essa deu pra ver da bancada.