domingo, 8 de fevereiro de 2009

Slumdog Millionaire



Quando era mais novo e não tinha voto na matéria, a Dona Stella "obrigava-me" (porque não alugava outros) a ver os clássicos filmes de Bollywood. Tantas histórias de amor trágicas e arrebatadoras que passaram no velhinho leitor VHS Tensai (na altura um sinal de sofisticação). Portanto, qualquer opinião que possa tecer sobre um filme passado na Índia (porque este não é um filme indiano) é sempre suportado por esta dolorosa experiência.


Sempre achei a Índia um pais de contrastes. A cor, o exotismo, as especiarias, a espiritualidade e a musica fazem da Índia um local único. No entanto, a pobreza extrema, o terrorismo sustentado na religião, a corrupção, o sistema de castas, a demografia sem planeamento ou os hábitos menos higiénicos revelam um dos cenários mais assustadores do mundo.


Slumdog Millionaire revela-nos este mundo de contrastes. Porém Danny Boyle (realizador de "Trainspotting", "The Beach" ou "28 Days Later") terá que sujeitar-se à acusação de que construiu uma "pornografia da pobreza" com um "exotismo musical de fundo". Creio que numa tentativa de fazer um filme pop, urbano, moderno e com uma forte dose de multiculturalismo, Boyle faz uma exposição demasiado crua de Mumbai para a abordar de forma tão ligeira e superficial, como é fazê-lo através de uma utópica vitória de um concurso televisivo, que alegra toda uma cidade. Ainda assim destaco a forma como, num género Oliver Twist, somos presenteados com a ideia de "Destino" e de uma aprendizagem através da sabedoria da vida. O percurso de Jamal é envolvente e as aventuras com o seu irmão Salim são um deleito para o espectador.


A máquina norte-americana e britânica que está por detrás de Slumdog Millionaire, fazem do mesmo, um filme ocidental com um plano geográfico alternativo. Nesta perspectiva, e apesar deste cenário ser a Índia, aguardava um final mais "social" (ao jeito de "Cidade de Deus" - a comparação é inevitavel) em detrimento da típica e arrebatadora história de amor que a Dona Stella tanto aprecia.


Aquilo que considero verdadeiramente extraordinário no filme é a sua banda sonora. Oiçam aqui. Fantástica.

2 comentários:

Anónimo disse...

Vi este filme ontem...
Numa daquelas belas tardes chuvosas de domingo, enrolada na mantinha com o meu "mais que tudo" e devo confessar que gostei mesmo, mesmo MUITO deste filme!!
Achei incrivel a ideia de se aproveitar um banal programa de telivisão (banal mas extremamente interessante, quando na concorrência só dão novelas e eu ainda não tinha a meo!) para mostrar uma Índia que talvez 85% da população não faça a mínima ideia de que exista. Eu sabia que as desigualdades eram muitas mas desta forma, não fazia ideia!
E o final....adorei! Mas eu sou suspeita, ou não fosse eu a fã nr.1 desse grande épico do cinema, Dirty Dancing!!!
Aconselho...

Alfredo Zorba Bola de Neve disse...

Só gostava de saber quem foi o responsável por isso (Vi este filme ontem...
Numa daquelas belas tardes chuvosas de domingo, enrolada na mantinha com o meu "mais que tudo") sobre isso nem uma referência mas tudo bem...
Mas em casa? Como se o filme esta no cinema!