Gomorra é um filme/documentário sobre a máfia napolitana, uma adaptação do best-seller de Roberto Saviano, que resultou em sucessivas ameaças de morte e uma protecção policial permanente. Deste acto que foi escrever um livro sobre a organização criminosa napolitana Camorra, nasceu um filme ultra-realista, que expõe os subúrbios napolitanos e a forma como a sua gente vive e sobrevive à mercê da teia criminosa. Numa lógica de acompanhamento de várias personagens, temos Marco e Ciro, que pretendem viver no mundo da delinquência, mas numa óptica independente, vontade esta com consequências irreversíveis. Temos o pequeno Toto, um jovem de 13 anos, um anti-herói, um pequeno apreciado pelos mais velhos, mas cuja conexão com este mundo do crime se torna inevitável, tendo que prestar duras provas da sua coragem. Acompanhamos Pasquale, um alfaiate que, numa tentativa de ganhar mais algum, vende a sua técnica aos chineses, que produzem em massa e reduzem potenciais lucros. E temos a história de Don Ciro, elemento de ligação entre o clã e os moradores que pagam uma espécie de dizima obrigatória. Esta perspectiva da realidade permite aproximar o espectador de uma crueza única, não sendo possível distinguir a realidade da ficção. Peca, no entanto, pela fraca estrutura narrativa e pelo ritmo pouco acelerado. Ainda assim não deixa de ser um marco no cinema sobre o mundo do crime.
Uma nota interessante: vários dos actores que personalizaram chefes da organização já foram detidos por serem mafiosos na vida real.
2 comentários:
“(...) devia ser mais concentrado na estrutura narrativa, com a união das várias linhas a requerer uma montagem mais ritmada, num foco mais claro. Tivesse isso acontecido e GOMORRA, que não deixa de ser impressionante, poderia ser um dos grandes filmes da 7ª arte dedicados ao submundo do crime organizado.”
Por Luís Salvado, Premiere
Coincidência.
Não, Sr.Anónimo. Não é coincidência. Esta foi uma das mais fortes ideias que retive e corroboro das várias criticas que li sobre o filme (por ex.Vasco Câmara,no Publico ou João Lopes,DN). E como comprador assíduo da Premiere, não poderia deixar de ler a de Luis Salvado (Out.2008). Aliás, também não é coincidência citar o nome dos personagens. Naturalmente não as tenho na memória.
Portanto, tal como os cinéfilos, sublinho que a estrutura narrativa é fraca e o ritmo é lento. Mas se tem uma opinião diferente, se acha que a estrutura narrativa do filme é sólida e se o ritmo é coincidente com as suas expectativas, faça favor Sr.Anónimo.
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